Atlântida (em grego,
"filha de Atlas") é uma lendária ilha ou continente cuja
primeira menção conhecida remonta a Platão em
suas obras "Timeu ou a Natureza"
e "Crítias ou a Atlântida".
Nos contos de Platão, Atlântida era uma potência
naval localizada "na frente das Colunas
de Hércules", que conquistou muitas partes da Europa
Ocidental e África 9.000
anos antes da era de Sólon, ou seja, aproximadamente 9600 A.C.
Após uma tentativa fracassada de invadir Atenas,
Atlântida afundou no oceano "em
um único dia e noite de infortúnio".
Estudiosos disputam se e como a história ou conto de Platão foi
inspirada por antigas tradições. Alguns pesquisadores argumentam que Platão
criou a história mediante memórias de eventos antigos como a erupção
de Thera ou a guerra de Tróia, enquanto
outros insistem que ele teve inspiração em acontecimentos contemporâneos,
como a destruição de Helique em 373
a.C. ou a fracassada invasão ateniense da Sicília em 415
a.C.–413 a.C.
A possível existência de Atlântida foi discutida activamente
por toda a antiguidade clássica, mas é normalmente rejeitada e
ocasionalmente parodiada por autores actuais. Alan Cameron afirma
que "só nos tempos modernos é que as pessoas começaram a
levar a sério a história da Atlântida; ninguém o fez na Antiguidade". Embora
pouco conhecida durante a Idade Média, a história da
Atlântida foi redescoberta pelos Humanistas na Idade
Moderna. A descrição de Platão inspirou trabalhos utópicos de vários escritores
da Renascença, como Francis Bacon em "Nova
Atlântida". Atlântida ainda inspira a literatura - da ficção
científica a gibis - e o cinema.
Seu nome tornou-se uma referência para toda e qualquer suposição sobre
avançadas civilizações pré-históricas perdidas.
A mais antiga menção conhecida sobre a Atlântida foi feita
pelo filósofo grego Platão (428-347
a.C.) em dois dos seus diálogos (Timeu e Crítias).
Platão conta-nos que Sólon (considerado um dos
sete sábios da Grécia antiga), no curso das suas viagens pelo Egipto,
questiona um sacerdote que vivia em Saís,
no delta do Nilo, e que este lhe fala de umas tradições
ancestrais relacionadas com uma guerra perdida nos anais dos tempos entre os atenienses e o
povo atlante. Segundo o sacerdote, o povo de Atlântida viveria numa ilha
localizada para além dos pilares de Hércules, onde o Mediterrâneo terminava
e o Atlântico
começava. Quando os deuses
helénicos partilharam
a terra, conta o sacerdote, a cidade de Atenas ficou
para a deusa Atena e Hefesto,
mas Atlântida tornou-se parte do reino de Poseidon,
deus dos mares.
Em
Atlântida,
nas montanhas ao centro da ilha, vivia uma jovem órfã de nome Clito. Conta a
lenda que Poseidon ter-se-ia apaixonado por ela e, para poder coabitar com o objecto
da sua paixão, teria erguido uma barreira constituída por uma série de muralhas
de água e fossos aquíferos em volta da morada da sua amada. Desta maneira
viveram por muitos anos, e desta relação nasceram cinco pares de gémeos. O
mais velho, o deus dos mares chamou Atlas. Após dividir a ilha em
dez áreas circulares, o deus dos mares concedeu supremacia a Atlas,
dedicando-lhe a montanha de onde Atlas espalhava o seu poder sobre o resto da
ilha.
Em
cada um dos distritos (anéis terrestres ou cinturões), reinavam as
monarquias de cada um dos descendentes dos filhos de Clito e Poseidon.
Reuniam-se uma vez por ano no centro da ilha, onde o palácio central e o templo
a Poseidon, com os seus muros cobertos de ouro, brilhavam ao sol. A
reunião marcava o início de um festival cerimonioso em que cada um dos monarcas dispunha-se
à caça de um touro. Uma vez o touro caçado, beberiam do seu sangue e
comeriam da sua carne, enquanto sinceras críticas e cumprimentos eram trocados
à luz do luar.
Atlântida
seria uma ilha de extrema riqueza vegetal e mineral. Não só era a ilha magnificamente prolífica em
depósitos de ouro, prata, cobre, ferro, etc., como ainda de oricalco, um metal que
brilhava como fogo.
Os
reis de Atlântida construíram inúmeras pontes, canais e passagens
fortificadas entre os seus cinturões de terra, cada um protegido com muros
revestidos de bronze no exterior e estanho pelo interior. Entre estes brilhavam
edifícios construídos de pedras brancas, pretas e vermelhas.
Tanto
a riqueza
e a prosperidade do comércio, como a inexpugnável defesa das suas muralhas, se
tornariam imagens de marca da ilha.
Pouco mais se sabe de Atlântida. Segundo Platão, foi
destruída por um desastre natural (possivelmente um terremoto ou Tsunami) cerca
de 9000 anos antes da sua era. Segundo Roger Paranhos, em seu livro Akhenaton - A
revolução espiritual do antigo Egipto o continente de
Atlântida foi destruído por um cometa. Talvez essa teoria possa ser corroborada
pela hipótese do Cometa Clóvis, segundo a qual uma explosão aérea ou um impacto
de um ou mais objectos do espaço sobre a Terra, ocorrido entre 12.900 e 10.900
anos atrás, desencadeou um período glacial conhecido por Dryas Recente (período
climático) e pode ter atingido o continente perdido e o submergido.
Crê-se
ainda que os atlantes teriam sido
vítimas das suas ambições de conquistar o mundo, acabando por ser dizimados
pelos atenienses.
Outra
tradição
completamente diferente chega-nos por Diodoro da Sicília, segundo o qual os atlantes seriam vizinhos
dos líbios e teriam sido
atacados e destruídos pelas amazonas.
Segundo outra lenda, o povo que
habitava a Atlântida era muito mais evoluído que os outros povos da época e, ao
prever a destruição iminente, teria emigrado para a África,
sendo os antigos egípcios descendentes
dos atlantes.
Na cultura pop do século XX,
muitas histórias
em quadrinhos, filmes e desenhos
animados retractam
Atlântida como uma cidade submersa, povoada por sereias ou
outros tipos de humanos subaquáticos.
Há
diversas correntes de teóricos sobre onde se situaria Atlântida, e
sobre quem teriam sido os seus habitantes. A lenda que postula Atlântida, Lemúria e Mu como continentes
perdidos,
ocupados por diferentes raças humanas, ainda encontra bastante aceitação popular, sobretudo
no meio esotérico (não confundir com os antigos continentes que, de acordo com a
teoria da tectónica de placas existiram durante a história da Terra, como a Pangeia e o Sahul).
Alguns teóricos sugerem que Atlântida seria uma ilha sobre a Dorsal Oceânica que
- no caso de não ser hoje parte dos Açores, Madeira, Canárias ou Cabo Verde - teria sido destruída por movimentos bruscos da crosta terrestre naquele local. Essa teoria baseia-se em supostas
coincidências, como a construção de templos em forma de pirâmide na América, semelhantes às pirâmides do Egipto, facto que poderia ser explicado com a existência de um
povo no meio do oceano que separa estas civilizações, suficientemente avançado
tecnologicamente para navegar até à África e à América para disseminar os seus conhecimentos. Esta
posição geográfica explicaria a ausência concreta de vestígios arqueológicos
sobre este povo.
Alguns
estudiosos
dos escritos de Platão acreditam que o
continente de Atlântida seria na realidade a própria América, e seu povo
culturalmente avançado e coberto de riquezas seria o povo Chavín, da Cordilheira dos
Andes, ou os olmecas da América
Central, cujo uso de ouro e pedras preciosas é confirmado pelos registros
arqueológicos. Terramotos comuns nestas
regiões poderiam ter dado fim a estas culturas, ou pelo menos abalado de forma
violenta por um período de tempo. Através de diversos estudos, alguns
investigadores chegaram à conclusão que Tiwanaku,
localizada no planalto boliviano, seria a antiga Atlântida. Essa
civilização teria existido de 17.000 a.C. a 12.000 a.C., numa época em que a
região era navegável. Foram encontrados portos de embarcações em Tiwanaku,
faltando escavar 97,5% do local.
Para alguns arqueólogos e historiadores, Atlântida poderia ser
uma mitificação da cultura minóica, que floresceu na
ilha de Creta até ao final do século XVI a.C. Os
ancestrais dos gregos, os micénicos, tiveram contacto
com essa civilização culturalmente e tecnologicamente muito avançada no início
do seu desenvolvimento na península Balcânica. Com os minóicos,
os micénicos aprenderam arquitectura, navegação e o cultivo de oliveiras,
elementos vitais da cultura helénica posterior. No entanto, dois fortes
terramotos e maremotos no mar Egeu solaparam as cidades e os portos minóicos, e a civilização de
Creta rapidamente desapareceu. É possível que as histórias sobre este povo
tenham ganho proporções míticas ao longo dos séculos, culminando com o conto de
Platão.
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